segunda-feira, 4 de julho de 2016

O parque dos dinossauros

Rodovia dos Imigrantes ou um parque temático?

Marcus Vinicius Batista

O parque ficou com fama de caro. Muito dinheiro para pouca aventura. Muitos clientes reclamam que o passeio é curto: uma hora em média. Os defensores alegam que o parque é imprevisível, inclusive com novidades fora das férias escolares. Ótimo para que prefere a baixa temporada. A freguesia chia sempre quando o preço do ingresso aumenta. Todo dia 1º de julho sobe. Desta vez, foi para R$ 25,20.

O lado bom, se defende o parque, é que o ingresso é por carro, o que valeria como combo-família. Mas e os solitários? Pagam o mesmo preço, é a resposta-padrão, porque usufruem de todas as atrações do mesmo jeito.

Desde que duplicou as instalações, o parque atraiu mais gente. São 70 quilômetros aproximados de extensão. O visitante, de acordo com os folhetos de divulgação, se sente acolhido logo de cara.

Não precisa pensar em dinheiro, desembolsar nada. É só apreciar o verde, com as manchas de civilização nas margens. Gente que se vê de longe, sabe-se que existem, evita-se o toque.

Coisa de uma vez por ano, eles se rebelam, queimam uns pneus na pista, nada grave, garante a empresa responsável. Para parte da imprensa, são os bárbaros que reclamam de barriga cheia - e TV em casa -, porque não podem frequentar as instalações.

O passeio pelo parque é interrompido uns 15 minutos depois. É o momento do pedágio antes de viver a aventura. Não tem meia-entrada, desconto para aposentados, benefícios para professor ou funcionário público. Todo mundo paga R$ 25,20. Contrato assinado entre a empresa responsável e a Alckmin Entretainment Inc., que repassou os serviços quando tinha outro nome. Hoje, só responde - é o que diz o folheto - pela segurança.

O melhor dia é com neblina. Aumenta a ansiedade de se ver dinossauros. Único momento em que a escolta aparece. Aviso para ter medo? A neblina atrapalha um pouco, mas é possível testemunhar tiranossauros, muitos em fila, pela Ala Anchieta do parque. Todos, domesticados, seguem para o Porto de Santos, onde se alimentam.

Nos últimos tempos, o parque retomou a maior de suas atrações. Expectativa para as férias? Depois dos tiranossauros, surgem os velociraptors, espécimes que podem atacar os veículos. Muitos jogam pedras. Outros atiram. Deve ser efeito especial. Pertences de frequentadores sumiram, mas - como explica o folheto - os objetos deixados no parque são de responsabilidade dos visitantes.

Dizem que gente morreu nesse passeio. O jornal A Tribuna denunciou que os documentos que mostram as queixas não estão disponíveis. A Alckmin Entertainment Inc. garante: é para tranquilidade de quem deseja descansar da vida agitada.

Uma dica: vá pela saída sul do parque e adquira o combo que dá direito ao WaterWorld. Este complexo das águas reproduz a atmosfera de um meio de transporte do século passado. Só que a balsa também ficou mais cara. Agora, R$ 11,50, sem desconto e com filas. Mas, às vezes, eles contratam uns piratas.

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