sábado, 23 de julho de 2016

Casamento comunitário

Quem será o coelho? E a tartaruga, na eleição em Santos?

Marcus Vinicius Batista

Enquanto a tocha olímpica acende o ufanismo, a corrida eleitoral ouve o disparo de largada. Às vésperas das convenções partidárias, os atletas-candidatos montam as equipes de revezamento; no caso de Santos, todos contra um único favorito.

Nesta prova de tiro curto, com 45 dias de campanha, os casamentos já se formalizam na situação e na oposição. Por enquanto, 12 partidos em torno do prefeito Paulo Alexandre Barbosa. Um quadro previsível, de olho nas secretarias e cargos por mais qua tro anos.

Na oposição, prevalece a esperança do segundo turno. Rede e PDT construíram a surpresa da semana, em dose dupla. Os dois partidos haviam apresentado pré-candidatos a prefeito: o médico Evaldo Stanislau, pela Rede, e o jornalista Paulo Schiff, pelo PDT. Os dois são amigos. Stanislau participava, com regularidade, de um programa de rádio, sob o comando de Schiff.

A primeira surpresa foi a decisão de construir uma chapa única. A segunda novidade veio com a ordem das candidaturas: Paulo Schiff sai como prefeito. Evaldo Stanislau, como vice.

Se tivesse que apostar, o meio político esperaria o médico como cabeça de chapa. Ele é vereador, possui maior visibilidade política pela oposição sistemática à gestão atual e experiência com mandato. Paulo Schiff, embora tenha sido filiado por muitos anos ao PMDB, trabalhou nas duas últimas décadas na mídia local, em emissoras de rádio e TV e jornal. Cobriu política, mas nunca se candidatou. E, na última gestão do Santos, presidiu o Conselho Deliberativo, cargo que o mergulhou na política do clube.

Os mesmos argumentos serviram para sustentar a inversão de papéis. Paulo Schiff teria menor rejeição por ser menos visível em termos eleitorais. Poderia também reforçar a ideia de renovação na política. Evaldo Stanislau correria o risco de ser associado ao PT, partido pelo qual se elegeu vereador há quatro anos e de onde se desligou em 2015.

O PDT teria melhor estrutura para organizar e executar as estratégias de campanha. A Rede é debutante em eleições locais. A dobradinha Schiff-Stanislau seria, na visão da aliança, exatamente isso. Os dois trabalhariam como uma dupla, capaz de cobrir pontos cegos numa disputa a prefeito.

As intenções parecem boas, mas é preciso conquistar apoios, que inclui a desistência de outros concorrentes de oposição. Seria uma cajadada em dois coelhos: diminui-se a divisão de votos entre vários peixes pequenos, enquanto se engorda uma das espécies que, mais robusta, encararia o dono do aquário.

As alianças devem se intensificar nos próximos dias, com as convenções partidárias. As pré-candidaturas funcionam, às vezes, como iscas para demarcar território e construir uma chapa com mais fôlego, no horário eleitoral gratuito e na parte financeira da campanha.

A chapa Schiff-Stanislau entra na corrida com o mesmo objetivo de todos os atletas: sobreviver à primeira volta do relógio. Depois, forçar uma volta adicional para evitar que Paulo Alexandre cruze a linha de chegada sem ninguém à vista na última curva.

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