sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Um ano, um balanço
Final de ano é tempo de balanços e promessas. Na política, é clichê dividir um governo em três etapas. O primeiro ano é a fase em que o novo administrador tenta arrumar a bagunça do antecessor. Os dois anos seguintes são o período de governo, de fato. E o último ano é campanha eleitoral.
O primeiro ano do PSDB na Prefeitura de Santos foi irregular. Mas o que esperar com uma turma de calouros? Meia verdade. Parte do governo atual já estava no poder com o ex-prefeito João Paulo Tavares Papa. O PSDB tinha o vice-prefeito da gestão anterior.
Salvo algumas declarações de secretários, os tucanos evitaram cutucar Papa, que depois se filiou ao próprio PSDB. Há funcionários de primeiro e segundo escalões que são governo há 17 anos, quase a maioridade no poder.
A Prefeitura se escorou em grandes projetos, que soam como promessas de réveillon. O VLT empacou depois de meses se arrastando entre São Vicente e Santos, entre discursos e rusgas jurídicas. O túnel, promessa desde 1927, ganhou uma dúzia de traçados, a pressão popular e a contratação de burocratas pelo Governo do Estado. A Prefeitura se apoiou também em parcerias com o Governo Federal. A Macrodrenagem na Zona Noroeste é o exemplo. Em ano eleitoral, o trabalho – quem sabe? – acelere.
Na política, o primeiro ano de Governo não enfrentou sobressaltos. O filho Paulo manteve ótima relação com o pai Geraldo. O governador esteve na cidade várias vezes, onde anunciou recursos e até falou de projetos que ainda não existiam na Baixada Santista. Até os adversários tentaram capitalizar votos por aqui, como o ministro da Saúde e pré-candidato ao Governo de São Paulo, Alexandre Padilha.
As relações com a Câmara Municipal seguiram com os vereadores – em sua maioria – adestrados pela Prefeitura. Até as medidas mais impopulares, como o reajuste do IPTU e a criação de Organizações Sociais, passaram sem dor, com parlamentares servindo de escudo do governo.
A pedra no sapato foram os servidores municipais. Houve a primeira greve da categoria em 18 anos. O prefeito atual acalmou os ânimos com um abono travestido de reajuste. Assegurou o cessar-fogo por seis meses. A ira dos servidores ressuscitou em dezembro por conta da criação da OSs.
A resposta de Paulo Alexandre assegurou a trégua das festas de final de ano. A Prefeitura anunciou um concurso público com 439 vagas. Uma medida estratégica, que mantém a categoria em compasso de espera até 9 de março, quando acontecerá a prova. Aliás, a folha de pagamento está bem perto do limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na área social, o Hospital dos Estivadores – uma das principais promessas de campanha – segue em coma. Nos transportes, a administração congelou a tarifa dos ônibus e enalteceu medidas pontuais, como meia dúzia de ônibus com internet e ar-condicionado.
A cultura permanece como primo pobre, sobrevivendo com os trocados do orçamento e o trabalho apaixonado de muitos técnicos competentes. Por outro lado, a pasta teve que encarar as mortes no Carnaval e o menino eletrocutado em uma das tendas da orla da praia.
Mais de mil moradores de rua acenderam as pressões sobre o governo, que inaugurou centros de atendimento – ainda que insuficientes para a demanda – e acelerou acordos com entidades religiosas para tratamento de dependentes químicos. A administração municipal ignorou pesquisas internas e pagou R$ 221 mil para a Fipe realizar um censo de moradores de rua e descobrir o óbvio, como 90% dos moradores de rua têm problemas com álcool.
Na política, dizem que os governos começam a funcionar no segundo ano. Talvez seja a hora de cuidar, inovar e avançar, verbos tão desgastados na campanha de 2012.
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