A mãe é sergipana e o pai é português. Ela nasceu no Morro da Nova Cintra, em Santos, e hoje cria dois filhos junto com o marido, que veio de São Paulo. Adriana Jesus Pereira tem 30 anos, foi mãe pela primeira vez aos 17. A filha de 13 anos mora com os avós.
O marido Leandro Gonçalves da Silva é pai desde os 14 anos, hoje trabalha na reciclagem e também é pedreiro, além de consertar calhas e telhados. Aparentemente, a carroça dá mais lucro, sendo que Leandro consegue ganhar até R$ 200 em dois dias, em situações excepcionais.
Adriana parou de usar drogas há 3 anos. Consumia maconha e crack. O marido ficou preso por três meses. Neste período, a esposa teve que pedir dinheiro na rua.
No tempo que estão juntos, mudaram de casa duas vezes. Hoje, moram em um cortiço no Centro da cidade. O Conselho Tutelar já tirou as duas crianças deles, quando moravam em um local com muitos usuários de drogas. Hoje, eles são orientados por assistentes sociais e pagam R$ 280 por mês no quarto. Recebem R$ 164 do Bolsa Família.
Enchente e migrações
A rua São Francisco está loteada por cortiços. Silvia Maria de Oliveira mora ali há 3 meses. Morava em Cubatão, no bairro Água Fria, e por causa da enchente teve que se mudar. Ela mora com o filho que trabalha como entregador de água, a nora e três netos, entre três e nove anos. Todos os adultos dividem o aluguel, exceto Daiana, a nora, pois o quarto pertence à irmã dela.
Mofo e umidade são sinônimos de cortiços |
Maria Tereza Vicente veio de Recife há 34 anos. Ela conta que já chegou a morar na rua. Quando perguntada se gostaria de morar nas novas habitações (leia reportagem sobre o projeto de conjunto habitacional), ela diz que “já não tenho mais paciência pra reunião. Já corri muito atrás”. O sonho é sair um dia do cortiço e buscar um lugar melhor pra morar.
Obs.: Esta é a sétima reportagem da série "Os Indesejados", projeto conduzido por estudantes de Jornalismo da Universidade Católica de Santos (Unisantos).
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