Bruno Giufrida e Henrique Seiscenti*
Santos, principal cidade do litoral de SP, registrou dois acidentes graves no último final de semana. Ambos aconteceram na madrugada de domingo e envolveram motoristas dirigindo embriagados. Por sorte, eles não feriram ninguém. Um bateu o carro em um muro e o outro, numa árvore.
Além da direção perigosa, os dois motoristas tinham comportamentos semelhantes quando saíram de seus carros destruídos. A voz era pastosa. O bafo, desagradável. As reações, agressivas. E a negação de que estavam bêbados.
O desfecho também foi idêntico. Ambos se recusaram a fazer o teste do bafômetro, foram autuados em flagrante, pagaram fiança de R$ 1 mil e R$ 2 mil, respectivamente, e responderão ao Poder Judiciário em liberdade.
A sociedade brasileira costuma colocar em pauta o alcoolismo quando acontecem tragédias; em outras palavras, mortes. As pesquisas reforçam que os brasileiros não conseguem lidar bem com o álcool. O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) é de 2012.
O estudo, feito em parceria entre o Instituto Nacional de Políticas Públicas de Álcool e outras Drogas (INPAD) e a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), ouviu 4607 pessoas. 64% dos homens e 39% das mulheres consomem álcool regularmente. Ou seja: pelo menos uma vez por semana. E dois entre cada 10 entrevistados apresentaram características de abuso ou descontrole em relação às bebidas alcoólicas.
Criado em 1935, em Ohio, nos Estados Unidos, os Alcoólicos Anônimos são a principal instituição para o combate à doença. No Brasil, existem 4900 grupos. Na Baixada Santista, há 38 cadastrados nas nove cidades. Santos possui a maior concentração, com 11 grupos.
Todos os frequentadores apresentam biografias marcadas por tristeza, conflitos e perdas. Mas muitos deles alcançam a superação. Uma delas está no Grupo Doze Passos, em Santos. Um caso que não é único e mostra a atual realidade de muitos adultos.
Perda de amigos, problemas dentro de casa
Aos 53 anos, João (nome fictício) é pai de três filhos – duas meninas e um menino – e encara com bravura o alcoolismo, frequentando, de segunda a domingo, as reuniões dos Alcoólicos Anônimos.
“Hoje, posso dizer que me sinto vitorioso”, conta a vítima de uma doença que assola, direta e indiretamente, milhões de pessoas no país. E a situação poderia ser pior. Antes de procurar apoio do AA, ele passou por sérias dificuldades familiares, que não aceitava os problemas quase diários, como brigas com a esposa na frente dos filhos.
“Cheguei a dormir várias noites fora de casa. Eu bebia, achava que ia solucionar todos meus problemas, mas acabava piorando tudo depois. É algo sem fim. Eu precisava tomar essa atitude para continuar vivendo. Eu renasci”, explica, emocionado.
E a ausência repentina acabou se agravando. Além de ficar fora de casa por alguns dias, proporcionava cenas de violência dentro do ambiente familiar, afastando filhos, vizinhos, amigos e parentes. “Cheguei a perder a cabeça e jogar coisas na parede. Eu estava sem rumo”, lembra.
Mas, hoje em dia, devidamente amparado pelos Alcoólicos Anônimos, ele mantém vivo o sonho de poder viver normalmente, sem restrições. “Falta pouco pra eu voltar a ser uma pessoa confiante, normal. Quero estar livre de tudo isso rápido”.
As reuniões do AA funcionam como um grupo de entreajuda, formando uma roda de bate papo, em que os integrantes contam histórias que viveram por conta da bebida. Uns falam e outros preferem só ouvir, as histórias muitas vezes são comuns na rotina deles. Problemas familiares, brigas e perda de emprego estão entre as mais citadas.
Apesar das histórias ruins, existem também as boas, os membros contam suas vitórias na luta contra o vício, há quanto tempo não bebem e principalmente o que melhorou após ingressar no AA.
Obs.: Esta é a oitava reportagem da série "Os Indesejados", produzida por estudantes de Jornalismo da Universidade Católica de Santos (UNISANTOS).
“Hoje, posso dizer que me sinto vitorioso”, conta a vítima de uma doença que assola, direta e indiretamente, milhões de pessoas no país. E a situação poderia ser pior. Antes de procurar apoio do AA, ele passou por sérias dificuldades familiares, que não aceitava os problemas quase diários, como brigas com a esposa na frente dos filhos.
“Cheguei a dormir várias noites fora de casa. Eu bebia, achava que ia solucionar todos meus problemas, mas acabava piorando tudo depois. É algo sem fim. Eu precisava tomar essa atitude para continuar vivendo. Eu renasci”, explica, emocionado.
E a ausência repentina acabou se agravando. Além de ficar fora de casa por alguns dias, proporcionava cenas de violência dentro do ambiente familiar, afastando filhos, vizinhos, amigos e parentes. “Cheguei a perder a cabeça e jogar coisas na parede. Eu estava sem rumo”, lembra.
Mas, hoje em dia, devidamente amparado pelos Alcoólicos Anônimos, ele mantém vivo o sonho de poder viver normalmente, sem restrições. “Falta pouco pra eu voltar a ser uma pessoa confiante, normal. Quero estar livre de tudo isso rápido”.
As reuniões do AA funcionam como um grupo de entreajuda, formando uma roda de bate papo, em que os integrantes contam histórias que viveram por conta da bebida. Uns falam e outros preferem só ouvir, as histórias muitas vezes são comuns na rotina deles. Problemas familiares, brigas e perda de emprego estão entre as mais citadas.
Apesar das histórias ruins, existem também as boas, os membros contam suas vitórias na luta contra o vício, há quanto tempo não bebem e principalmente o que melhorou após ingressar no AA.
Obs.: Esta é a oitava reportagem da série "Os Indesejados", produzida por estudantes de Jornalismo da Universidade Católica de Santos (UNISANTOS).
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