terça-feira, 4 de outubro de 2016

O trator PSDB


O maior vencedor da eleição

Marcus Vinicius Batista

O PSDB venceu de goleada a eleição na Baixada Santista. O partido elegeu sete dos nove prefeitos. Em São Vicente, terá a vice-prefeita (Prof.Lurdinha). O prefeito eleito, Pedro Gouvêa, é do PMDB, mas também é cunhado do vice-governador Márcio França. Tudo em casa.

Dos sete tucanos, quatro prefeitos foram reeleitos. Três deles (Paulo Alexandre Barbosa, em Santos; Alberto Mourão, em Praia Grande; e Marco Aurélio, em Itanhaém) ganharam com mais de 75% dos votos válidos. Em Santos e Praia Grande, poderia haver segundo turno.

Artur Parada Prócida, de Mongaguá, não alcançou maioria simples. Ganhou com 38, 41%.

Entre os novatos, o grande vencedor foi Caio Matheus, em Bertioga. Ele havia perdido para o atual prefeito Mauro Orlandini, em 2012. Este ano, derrotou o candidato indicado por Orlandini, numa coligação de 11 partidos. Caio Matheus venceu com 63,4% dos votos válidos.

Em Cubatão, Ademário teve mais 41% dos votos, mais do que o dobro que Wagner Moura, do PMDB. Uma curiosidade: Fabio Inácio, candidato da prefeita Márcia Rosa, do PT, ficou em quinto e último, com apenas 5% dos votos. Um fracasso da máquina.

O PSDB só passou aperto em Peruíbe. Lá, Luiz Maurício vai governar com minoria de votos (28%). Ele venceu Emer, do PSDC, por 0,8%. Em números absolutos, 205 votos de diferença.

A única derrota, em termos, aconteceu no Guarujá. Gilberto Benzi ficou em terceiro e não vai disputar o segundo turno. Por outro lado, um dos concorrentes, Valter Suman, é do PSB, partido do vice-governador do Estado, Márcio França. O problema é que Suman precisa desintegrar uma diferença de 30 mil votos para Haifa Madi (PPS), em quatro semanas.

A Baixada Santista dominada pelos tucanos, em tese, abriria as portas e os cofres do governador Geraldo Alckmin. O arquiteto da vitória de João Dória na capital se credencia à disputa para a Presidência da República, em 2018. A combinação destes fatores talvez renda mais recursos para as cidades, principalmente aquelas que tem hoje governos nada alinhados com o PSDB.

Neste sentido, São Vicente e Cubatão gritam por dinheiro e devem ter as preces atendidas. A primeira se viu diante de uma disputa pessoal entre Márcio França e o prefeito Luiz Cláudio Bili por quatro anos. França se vingou por completo da derrota de seu filho Caio, em 2012. Não seria surpreendente o cunhado Pedro Gouvêa assumir a cidade em janeiro de 2017 e receber, de Natal um pouco atrasado, recursos para obras e projetos emergenciais.

Cubatão enfrenta a crise econômica com a perda de empregos no setor industrial. Além disso, o governo PT de Márcia Rosa viveu a bonança de Lula e Dilma e agora amarga os olhos fechados com os novos rumos políticos. Um prefeito novato do PSDB talvez receba o empurrão necessário para caminhar mais rápido do que a antecessora.

Outro aspecto seria a metropolização da Baixada Santista, que poderia ser implantada de fato, ultrapassando a paralisia das comissões, dos projetos sempre projetos, do revezamento de prefeitos, dos cafés e das reuniões. Prefeitos do mesmo partido não significam interesses comuns. O PSDB teve o comando e maioria no Conselho e nada avançou.

Em 20 anos, ficou claro que os prefeitos optam por seus umbigos e seus quintais. Autopreservação política, em primeiro lugar. Pensar a região de forma coletiva representa abrir mão de certas posturas, assumir problemas que pertencem ao vizinho e navegar em intersecções políticas.

A metropolização talvez fique em clima mais ameno, mas amigos e negócios não se misturam. Até porque partidos grandes se constituem por facções por vezes conflitantes.

O controle do PSDB na Baixada Santista é histórico. Nunca se viu cenário semelhante na região. O pensamento único pode facilitar a concordância, mas mata o contraponto, elimina a voz dissonante que aponta as falhas e aquece o debate público. A tendência é a acomodação, a ação entre amigos, o relaxamento.

Como as nove cidades funcionam movidas pelas próprias particularidades, ainda que a vida urbana de parte da população seja metropolitana, é provável que assistamos à forma tucana de governar em intensidades múltiplas.

Que cada prefeito e seus moradores rezem para os santos que lhe agradem. Com a benção de Geraldo Alckmin, o maior vencedor da eleição na Baixada Santista.

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