Marcus Vinicius Batista
Cubro eleições desde 1992, quando David Capistrano derrotou Vicente Cascione no segundo turno, para a Prefeitura de Santos. Confesso que, no século passado, defendia a ideia de que o voto nulo era maléfico ao processo eleitoral. Talvez teimosia de um jornalista jovem.
Entendia, naquela época, que anular o voto significava lavar as mãos para o processo eleitoral. O pecado pela omissão, que não me daria o direito de cobrar ou questionar as decisões tomadas pelos candidatos eleitos.
Hoje, diante da experiência, penso diferente. O voto nulo não é um mal necessário, mas uma alternativa sólida quando o cardápio só nos oferece pratos indigestos. Recusar-se a escolher alguém é, óbvio, uma escolha, ainda mais com muita informação que a sustente.
Como professor, costumo ouvir a mesma pergunta sobre o voto nulo a cada dois anos. O voto nulo vai para o vencedor da eleição? Como contagem absoluta de votos, não. Os nulos e brancos giram em torno de 15 a 20% dos votos.
O problema é a matemática. Quanto mais nulos e brancos, menor será o número de votos válidos. Isso interfere na porcentagem dos votos nos candidatos ao Poder Executivo, por exemplo, o que pode resultar na diferença entre uma vitória no primeiro turno e a chance de realização do segundo turno entre os dois primeiros colocados.
Na eleição para vereador, a chamada proporcional, os nulos podem provocar acréscimo ou redução da quantidade de votos para se fazer uma cadeira na Câmara. A tendência é que, de fato, favoreça as candidaturas mais fortes, em alianças que giram em torno do nome favorito ao Poder Executivo.
Em Santos, muitos olham para os votos nulos com expectativa. A descrença na política poderia levar a um estouro de votos de protesto, não em candidatos. No entanto, o que costuma acontecer, em termos históricos, é o aumento de abstenções. Ou seja: muitos eleitores preferem fugir ou não se esforçar para exercitar o voto.
Como cidadão, já escolhi um candidato a vereador. Voto em Santos, o que me dá oito opções para prefeito. Descartei seis. Tenho, logo, três alternativas; entre elas, o voto nulo.
Obs.: Texto publicado no Diário do Litoral, em 11 de setembro de 2016.
"Descartei seis. Tenho, logo, três alternativas; entre elas, o voto nulo." kkkkk a melhor parte kkkkk
ResponderExcluirAdorei o texto!