sábado, 3 de setembro de 2016

O PT rosa e a morte da estrela

PT, por que mudaste de cor? 


Marcus Vinicius Batista

Numa campanha eleitoral com muitos nomes novos e poucas novidades estratégicas, o PT tenta vestir outra roupa. Não se trata da influência de Telma de Souza em torno da candidatura de Carina Vitral (PC do B), a juventude que o PT pediu emprestado pela incapacidade de se renovar. Não se trata da humildade à fórceps que resultou na indicação de Reinaldo Martins como vice na chapa, pelo mesmo motivo.

O horário eleitoral gratuito e a propaganda nas ruas apontam para um PT rosa, de motivação e comportamento dúbios. O Partido dos Trabalhadores ficou rosa, de vergonha? Se você ainda não reparou, caro eleitor, o PT lavou o vermelho e o transformou em um tom politicamente correto.

O que significa a mudança de cor? O marketing político não permite passos sem justificativas. Todos os detalhes são testados. A cor é essencial para composição da identidade visual de uma candidatura.

O verde saiu do Diário Oficial para não denotar propaganda da administração Paulo Alexandre Barbosa. O laranja era um dos símbolos da gestão anterior, de João Paulo Tavares Papa.

Para que serve o rosa? Ou melhor, por que abandonar o vermelho, marca de tantas vitórias e derrotas? O vermelho cicatriza o rótulo de esquerda, que o PT mais uma vez tenta evitar numa cidade controlada pelo conservadorismo.

O PT, na vida prática, deixou de ser esquerda desde que pagou o preço da governabilidade para ascender ao poder, em Brasília. A essência do calvário de Dilma Rousseff, alicerçado por políticas econômicas de assustar até os tucanos, passou pelas alianças com o centrão, de múltiplas cores e fome única de poder. Mas o vermelho, embora somente simbólico, compunha ao menos uma referência de cimento ideológico.

A lavagem do vermelho também alcançou o PC do B, que tem a formação histórica comunista, lá no século passado, até no nome. Um partido derivado do PCB, porém aliado de outras horas do PT, com direito à ministério. Em Santos, coadjuvante em outros carnavais eleitorais. O rosa seria para conversar com parte da classe média, que se queixa do PSDB e sempre olha para os próprios interesses?

O PT pode até tomar um banho de loja para sonhar com o convite VIP, mas nada mais grave do que sumir com a estrela. A estrela foi a arma de resistência empunhada pela velha guarda. A estrela representou, acima de tudo, a ascensão do lulismo, presente no jingle histórico das eleições de 1989, comparável à vassoura de Jânio Quadros nos anais da propaganda política. "Lula lá, brilha uma estrela ..."

Aposentar a estrela em Santos, com discrição, semeia uma série de dúvidas sobre o que o PT pretende para o próprio futuro. É atitude desesperada diante de outra derrota nas urnas? É uma maneira frágil de tentar se livrar dos pecados cometidos em rede nacional? É um sinal de renovação dos quadros e das lideranças? Ou apenas uma maquiagem, para esconder as rugas, as estrias e as celulites políticas?

O PT rosa, por enquanto, é verniz. Mudanças dependem de um tempo mais longo, bem além da eleição em 2 de outubro.

Um comentário:

  1. Poucas novidades não significa novidade alguma...
    Planificar todos não é de bom tom nem de boa fé.
    Reveja seus conceitos...
    Ah, o PT, sim, fez muita m@@#$ mesmo...

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