Marcus Vinicius Batista
A disputa entre Uber e taxistas coloca os vereadores como passageiros, de carona, sem querer pagar pela corrida. Com a campanha eleitoral, ficou evidente que os parlamentares, de olho nos votos de motoristas e simpatizantes, aplicaram sem pestanejar a Ética pragmática de Nicolau Maquiavel, resumida e distorcida pela frase "os fins justificam os meios".
O processo vem desde o ano passado, quando o vereador Ademir Pestana (hoje PSDB, mas que um dia foi PT, é possível na política) fez sua escolha. Ele, pressionado por taxistas, entrou com um projeto de lei, aprovado por quase todos os colegas. Só dois votos foram contrários. O prefeito Paulo Alexandre Barbosa sancionou e a vida parlamentar, de costas para a cidade, seguiu em marcha ré.
Quando o Uber se tornou um serviço de boa aceitação em Santos e a campanha eleitoral se fez presente, começaram a aparecer os pais da criança e os candidatos que tentam apagar o passado. O autor do projeto de lei, por exemplo, se viu no meio do fogo cruzado entre simpatizantes do Uber e taxistas. As redes sociais, neste sentido, funcionam como terra sem lei, tanto quanto as ruas onde carros têm vidros quebrados e motoristas, ameaças de agressão.
Um dos vereadores que votaram contra a lei que proíbe o Uber fez o que se esperava de um candidato à reeleição: tentou capitalizar em torno do tema. O problema é que o passado também o condena. Ele votou no ano retrasado pelo aumento do IPTU e assinou embaixo na autorização para que Organizações Sociais gerenciassem serviços de saúde, em Santos.
Saúde é o primeiro tema da lista de prioridades para os eleitores, nas duas pesquisas divulgadas até agora. Os pronto-socorros colecionam problemas, e o Hospital dos Estivadores (que ganhou o nome fantasia-eleitoral de Complexo Hospitalar) enfrenta a complexidade do mau planejamento. É um prédio pronto, com dificuldades financeiras para se equipar e contratar pessoal.
No começo do mês, um vereador da base governista postou em rede social que a lei que proíbe o Uber "não fede nem cheira" e que haveria problemas jurídicos para fazê-la funcionar, de modo efetivo. Ele votou a favor do projeto de lei.
Como um vereador vota em um projeto que julga irrelevante e inoperante? Qual é a responsabilidade exercida em plenário? Qual é o compromisso com o interesse público, se o voto se torna mero protocolo para manter a boa relação com colegas e Poder Executivo?
As palavras do parlamentar nos servem para ligar a luz amarela diante do problema entre Uber e taxistas. Até que ponto os vereadores enxergam a questão como um ponto central na política de transportes e trânsito? Conseguem visualizar os impactos sociais, tanto para motoristas de Uber como para taxistas, diante do desemprego derivado da crise econômica?
Neste ano, Santos tem cerca de 380 candidatos a vereador. No horário eleitoral gratuito, os discursos genéricos e distantes da realidade de um vereador se amontoam na selva da desinformação. Uma minoria se perde na floresta de intenções duvidosas.
Enquanto a eleição corre à margem da vida real, taxistas e motoristas de Uber entram em conflito nas ruas de Santos. No final das contas, ambas as categorias foram abandonadas por aqueles que os enxergam apenas como votos ambulantes motorizados.
Pior para os taxistas, que não percebem como a imagem arranhada pela truculência de poucos e pelo teatro eleitoral reduz as oportunidades de trabalho e tira o foco sobre as mudanças para atender o único interessado: o consumidor. Consumidor, e não eleitor, o sujeito que paga as contas.
Outros textos sobre o assunto:
1) Entre Ubers e táxis, quem ganha é a imagem
1) Entre Ubers e táxis, quem ganha é a imagem
Obs.: Texto publicado no site Juicy Santos, em 6 de setembro de 2016.
Julguei que Fuga de Nova York não tivesse tantos problemas... realmente não os tem. Mas há potenciais dissabores mais a frente, como é o caso da saúde.
ResponderExcluirÜber (obedecendo uma grafia mais germânica) X Táxis seria uma desavença de mercado a ser resolvida pelo juiz da comarca, não por vereadores. O serviço do Über é mais rápido e moderno em comparação às cooperativas de táxi e, como apregoaria as dádivas das tais mãos invisíveis (do mercado), os incomodados que se mudassem.
Mas... não. As cooperativas agem de forma coercitiva para algumas ações pontuais que mais lembram comportamentos do homem do terciário ou do quaternário. Seria uma questão que deveria ser resolvida pelo juiz da comarca, porém... esquecemos que a tradição dos operadores do judiciário é vinculada e não discricionária (essa minha pobre mania de achar que vivo num lugar onde a tradição jurídica é anglo-saxã, e não romana).
Pouco importa. Ainda que não conte que representantes são cara d'um, focinho d'outro em relação aos seus representados, a qualidade do legislativo local certamente simboliza a falência humana de uma cidade inteira, extremamente cara, muito perfume e conteúdo quase nenhum.
No caso de não encontrarmos alguém que nos represente, estaríamos, outra vez, forçados a votar no menos pior?! De novo?! Em nome de não se votar nulo, a fim de não se jogar voto fora, vamos de o(a) menos pior?! E colocamos nas representações políticas da cidade a primeira tranqueira que se mexa?!
Bom dia, sou teu acompnhante nestas tuas opinioes, mas acho eu como mero republicano, se estender a verdade nua e crua dos fatos,pois no piso ou como se chama nas fabricas de desempregados, (os do chão) apenas estao trabalhando pelo pao de cada dia e mais nada. sem querer ferir a ninguem, a menos que tenho um vereador que tenha 12 taxis ou placas de taxis e outras como arrendamento, como era na epoca de lula e pt, dizem que tiravam dos ricos para dar aos pobres, quando na verdade tiravam dos dois. Este vereador de tal falança e seus sindicatos precisam ser parados,senão a cidade vai vira uma aristocracia em meio a falada democracia petista. Deve sem dar nomes aos bois e estamos sendo procurados por vários mangotes(giria de porto, pessoa que suco sem força e na veia do próximo) a fim de levarem os votos de toda a população UBer como bem o disse NESTE EDITORIAL, mas somos conscientes de votar no favorito da liminar e no prof. KENNY..SOMENTE
ResponderExcluirTUA INDICAÇÃO E PALAVREADO E FORMAL E POUCO INDICATIVO A UM JORNALISTA...