Lula e Carina Vitral, na convenção, em Santos. Qual é o peso do PT? Foto: Agência PT |
Marcus Vinicius Batista
A candidata Carina Vitral (PC do B) consegue estar em dois lugares ao mesmo tempo, na corrida eleitoral. Mas ambas as posições, se observadas em conjunto, indicam que a candidatura enfrenta dificuldades.
Carina aparece em segundo lugar em quase todos os momentos, com variação de 5 a 8% das intenções de voto. Se a vice-liderança não refresca em nada o cenário de reeleição do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), Carina poderia compreender que a segunda posição a aprova para uma candidatura ao Poder Legislativo, em 2018.
O que inviabiliza a candidatura de Carina Vitral à Prefeitura de Santos é um detalhe que faz a diferença na urna. Na pesquisa Enfoque Comunicação/ Jornal Boqnews, Carina lidera, de forma escandalosa, a rejeição dos eleitores. Em outras palavras, 37,7% dos entrevistados jamais votariam nela. Ela só perde para os indecisos, que somam 39,2%.
O prefeito, por exemplo, apresenta rejeição de 7,4%, um quinto do índice de Carina Vitral. Na sequência, vem Marcelo Del Bosco (PPS), com 2,9%. Daí para baixo, até chegar em Hélio Hallite (PRTB), o último da lista de rejeição, com 1,1%.
O que leva parte do eleitorado santista rechaçar a candidatura dela? Carina cometeu seus próprios pecados, mas também paga pelas heresias alheias. A candidata do PC do B é alvo de preconceito, por exemplo. Os eleitores mais velhos e de classes mais altas a enxergam como inexperiente e jovem demais para comandar a cidade.
Essa posição é interessante, pois esconde outros estigmas. Se compararmos, o atual prefeito não tem 40 anos e venceu a primeira eleição, para deputado estadual, com menos de 30, quando assumiu secretarias estaduais no governo Geraldo Alckmin.
O pacote se acentua com informações como tempo de vida universitária na PUC-SP, voz infantilizada ou não morar na cidade. Tudo é perfumaria para mascarar a essência da rejeição.
Carina Vitral paga a conta por causa do apoio do PT. Não é o PT em Santos, mas a instituição nacional. É importante ressaltar que o candidato à vice, Reinaldo Martins (PT), não tem peso nesta história. Ele é visto como um sujeito de comportamento irretocável, de vereador à secretário municipal.
Telma de Souza, a maior liderança local e articuladora da candidatura de Carina, traz consigo alto índice de rejeição. No caso dela, irrelevante para uma candidatura à vereadora, mas uma indireta para Carina.
Se a aliança com o PT deu visibilidade à Carina Vitral, o mesmo motivo a tornou telhado de vidro. O apoio da UNE ao governo Dilma também colaborou para o entendimento de que a candidata é petista. Isso numa cidade (ou parte dela!) que não elege o PT desde David Capistrano.
A campanha de Carina também perdeu tempo em explicar as origens dela e em ataques à gestão atual. Isso atrasou a construção de uma imagem como alternativa, que fosse capaz, inclusive, de diferenciá-la dos demais concorrentes, que - por razões óbvias - batem na mesma tecla.
Carina Vitral é uma personagem interessante para reflexão nesta disputa previsível. O problema é que ela talvez tenha escolhido os amigos errados, na visão de boa parte dos eleitores.
Parabéns professor pela lucidez que nos trás aos fatos deste texto. Sem dúvidas, na minha opinião, essa jovem se amarrou a um fardo muito pesado que faz questão de abraçar.
ResponderExcluirParabéns professor pela lucidez que nos trás aos fatos deste texto. Sem dúvidas, na minha opinião, essa jovem se amarrou a um fardo muito pesado que faz questão de abraçar.
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