O deputado Beto Mansur se torna um visitante importante no Palácio |
O deputado federal Beto Mansur é um empreendedor político. Como empresário com investimentos em diversas áreas, da comunicação ao agronegócio, o ex-prefeito de Santos levou para a política sua melhor qualidade: o senso de oportunidade.
Mansur tem a capacidade única de pressentir o rumo da ventania e se colocar a favor dela sem precisar se agarrar em postes. O deputado notou, por exemplo, que o mar no litoral de São Paulo está de ressaca nos últimos anos. Assim como fez como investidor em áreas agrícolas, Beto aproveitou a baixa umidade do cerrado para semear e, depois da entressafra política, colher.
O deputado apareceu na maioria das fotos do presidente Michel Temer. Era o resultado de uma costura política iniciada lá atrás, quando o impeachment de Dilma Rousseff começava a se desenhar. Beto Mansur aprendeu, talvez com derrotas eleitorais em Santos, que ganhar eleição não significa ter poder.
Poder tem a ver com senso de oportunidade, de estar bem posicionado na fotografia oficial. Poder é a percepção crua do momento exato de aparecer à luz e o instante de apenas sussurrar de dentro da caverna, de dentro da toca.
Ao contrário do presidente decorativo da Câmara, Waldir Maranhão, jogado ao fogo quando criou uma cortina de fumaça para proteger Eduardo Cunha, Mansur soube se desconectar de mansinho. Visitou o (ex)amigo moribundo político - ainda que por hora -, evitou conflitos e permaneceu diplomático como 1º secretário.
A estratégia funcionou. Waldir Maranhão está isolado. A tentativa de travar o processo no Senado soou como o grito de um homem louco, mesmo que se saiba que ele era o estandarte de um grupo, que se desintegrou nas sombras.
Beto Mansur colocou as mãos para trás e assistiu ao colega ser queimado vivo. Com a maré favorável, ele se aproximou de Temer, entrou pra turma, virou o interlocutor do presidente na Câmara Federal e pregou, aos quatro ventos, que o Brasil vai dar certo.
O ex-prefeito de Santos é o deputado de 31 mil votos. Se antes andava de carona na carruagem eleitoral de Paulo Maluf, Beto soube trocar de cocheiro e acabou eleito via simbiose de votos de Celso Russomano, já deixado de lado no reino do Poder Legislativo.
Mansur agora é amigo do novo rei. Poder, imagino que ele tenha aprendido, não significa ser o centro das atenções, que pode atrair pedradas no telhado. Poder é estar ao lado, bem pertinho do centro, mas protegido pela quase imunidade do abrigo contra vento noroeste.
O radar por oportunidades indica, para Beto Mansur, que não há necessidade de ser o presidente da Câmara Federal. O sinal foi o anúncio de trégua entre o novo presidente da República e Waldir Maranhão. Que ele fique como alegoria política, enquanto quem conversa com Temer é o 1º secretário.
Na política, o poder não é do cargo, mas de quem - de fato - governa. Beto Mansur é, reconheçamos, um sujeito que sabe agarrar uma oportunidade. Ele só deve temer a própria vaidade.
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