Foto: Juicy Santos |
A decisão do Poder Judiciário em reduzir o preço da passagem de ônibus estipulada pela Prefeitura é só mais um capítulo na desastrosa política de transporte público em Santos. Antes, uma ressalva: a Justiça manteve o aumento, pois o preço foi fixado em R$ 3,45, vinte centavos a mais.
Vamos pegar um desvio e sair da rota que nos leva a velhos problemas, como tempo de espera, monopólio no transporte de ônibus convencional, ar-condicionado e Internet apenas em parte da frota. Vamos discutir matemática, mexer no bolso para entender como o planejamento perdeu a viagem.
A Prefeitura aumentou a passagem em 18%, ou seja, R$ 3,85. Isso significa cinco centavos a menos que os ônibus Seletivos, que operam em três linhas. Neles, não há passageiros em pé, todos os veículos têm ar-condicionado, o ônibus estaciona fora do ponto. Por R$ 3,90.
Quando anunciou o reajuste, a primeira justificativa oficial foi a redução de passageiros da Viação Piracicabana. Depois, vieram os dois anos sem aumento, entre outros argumentos. Nesta equação de segundo grau, entrou um novo X: o Uber.
O Uber, quando não está com preço dinâmico, que pode torná-lo mais caro do que um táxi, vira uma pechincha ao transportar três ou quatro pessoas. Uma corrida do Shopping Praiamar, por exemplo, até o Campo Grande - entre os canais 1 e 2 - custa, em média, R$ 14. O tempo de espera é mínimo; o de viagem, mais rápido, com ar-condicionado e bom atendimento.
Faça as contas, com a passagem de ônibus a R$ 3,45 ou R$ 3,85. Dá quase no mesmo. Os motoristas de Uber costumam relatar que transportam muitas famílias de classe média baixa, antes usuárias de ônibus, e não de táxis.
Os vereadores, cuja principal função é monitorar e fiscalizar o Poder Executivo, alegaram impossibilidade de intervir no aumento das passagens de ônibus. Se hoje lavaram as mãos, aprovaram sem ressalvas, no final de 2015, o projeto de lei que proibia o Uber na cidade. Nesta história, taxistas compraram brigas que mal sabem onde começam e onde vão terminar. Lutam para melhorar o atendimento e conter o êxodo de passageiros.
A Prefeitura criou uma Comissão de Mobilidade Urbana - você já viu por aí? - e nada mudou na política de transporte público, exceto elevar o preço das passagens de ônibus dois meses depois das eleições.
Realmente, a conta não fecha. Não há proporcionalidade, porcentagem ou fórmulas matemáticas capazes de explicar os critérios para os preços de transporte na cidade de Santos. Ao passageiro, só sobrou tirar o lápis que dorme atrás da orelha.
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