Hospital dos Estivadores de Santos - Foto: Diário do Litoral |
Marcus Vinicius Batista
Políticos são sujeitos brincalhões. Adoram uma vida lúdica com seus eleitores. Brincam, por exemplo, de polícia e ladrão. De pega-pega, de esconde-esconde, queimadas, joão bobo, brincadeiras que sabemos quais papéis eles preferem escolher.
Santos adotou, a partir de 2010, um tipo de brincadeira mais moderna, compatível com as preferências das crianças no século 21. Nada de tradicionalismo. A ordem é ser futurista ou ao menos atualizado, conforme a popularidade da indústria.
Os políticos, visitantes ou nativos, aderiram à moda do Lego, aquele brinquedo de montar peças, tradicional, mas que se repaginou para as tendências da cultura pop. Esta fase de desenvolvimento das crianças começou com o primeiro brinquedo, presente de 12 de outubro, não exatamente na data, até porque pai político nunca entrega nada no prazo.
Na ocasião, os políticos se reuniram para celebrar o presente. Era uma ponte, pedida e implorada em cartinhas para o velhinho, manifestações, gritos na imprensa, birras de deitar em corredor de supermercado.
O encontro foi no Ferry-boat. Um monte de gente reunida para celebrar a ponte entre Santos e Guarujá. Uma maquete Lego digna de vitrine de loja de shopping. No ano seguinte, um dos políticos mandou quebrar o brinquedo, talvez revoltado porque não foi ele quem deu o presente, provavelmente também porque não gostava do amiguinho dono da festa. Não era desmontar, era jogar no lixo mesmo.
Esta semana, eles retomaram a brincadeira do Lego, estimulados pelo espírito natalino, porém aquele pai que divide o presente por partes. Diz que é muito caro; por isso, um pedaço do Papai Noel, outro do Coelho da Páscoa, outro no aniversário. Mas se prepare: ele ou a criança vão esquecer uma das partes no meio do caminho.
Toda a trupe estava lá para entregar a nova versão do Lego. A versão Hospital dos Estivadores. Seguindo o comportamento politicamente correto e a crise econômica, o brinquedo é de segunda mão. A estrutura das peças é antiga, passou por reciclagem, presente para tempos de cinto à beira do enforcamento.
A questão é que os pais políticos acreditam que as crianças-eleitoras não se comportaram bem. Como punição, cortaram a fita, mostraram o brinquedo e o guardaram na caixa. Agora não! Vocês vão receber as peças aos poucos, para pensar no que fizeram. Só faltou o chapeuzinho de burro na molecada.
Depois do prédio, a próxima peça do Lego é a maternidade. O Natal já passou. O réveillon também ficará para trás. Janeiro? Carnaval, entre lantejoulas e confetes? Os próximos pedaços ainda estão indefinidos. Afinal, o 13º salário atrasou, a crise está brava, o orçamento ficou quase no miojo e pão com ovo.
Paciência. Estes políticos adoram uma brincadeira de mau gosto.
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