Câmara de Santos: um castelo isolado? |
Os vereadores, salvo exceções, são coerentes. Poucos sabem sobre o que importa na cidade de Santos e preferem seguir de olhos vendados. Eles são honestos com o que se pensa deles, quando decidem votar projetos irrelevantes ou de acordo com os interesses da Administração Municipal. E práticos ao fatiar a Mesa Diretora, sem debate, posando para fotos cheios de sorrisos. Riem de quem? Para quem?
A Câmara Municipal de Santos, nesta semana, selou o divórcio com a Cultura. Nunca foi, de fato, um casamento, era pose para parecer preocupada, aquele sujeito que fabrica uma namorada para vender a imagem de sério e comprometido.
Os vereadores se “esqueceram” de uma audiência pública, que trataria do ato da Polícia Militar contra a peça Blitz, que resultou na prisão do ator Caio Martinez. O encontro havia sido agendado no último dia 7 de novembro, o primeiro capítulo do desinteresse pelos artistas, pelo teatro, pela Cultura. A audiência também não foi remarcada.
A postura dos parlamentares ficou clara no mesmo dia 7, quando o ator Caio Martinez pediu a palavra na Tribuna Cidadã. O presidente da Câmara, Manoel Constantino, talvez inspirado pelo humor da peça proibida, disse que só autorizaria o pronunciamento do ator se ele comprovasse CNPJ.
Talvez inspirado pelos colegas de Brasília, o presidente da Câmara teve amnésia temporária, pois se esqueceu de que os próprios vereadores adoram chamar a Câmara de “casa do povo”. Ele se comportou como se o cargo lhe desse a propriedade do imóvel. Depois, argumentou que era contra a peça. Uma opinião irrelevante perante a natureza da regra e o nome do espaço: Tribuna Cidadã. Constantino só voltou a si quando pressionado por colegas.
Os vereadores o acompanharam na indelicadeza. Enquanto Caio falava, a maioria dos parlamentares engatava conversas paralelas ou brincava ao celular. Coerente com o que se vê nos parlamentos pelo Brasil.
Agora, os vereadores foram mais explícitos. Não tomaram conhecimento do assunto. Ignoraram a importância da audiência pública. Depois, fingem choramingar quando a existência das audiências é questionada.
Qualquer estudante sabe que a Cultura é o termômetro de uma sociedade. Ignorá-la também funciona como medidor, mas da frieza e indiferença de quem deveria – e ganha bem – para legislar pelo e para o Município. É melhor e mais saudável ocupar a praça, essa sim do povo.
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