quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Mudar para não mudar



Marcus Vinicius Batista

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, dorme sentado sobre um orçamento de cerca de R$ 1,5 bilhão. É muita responsabilidade. Responsabilidade suficiente para ter planejado melhor o final da primeira gestão e o início da segunda administração. Planejado a ponto de não culpar a crise como principal causa do caixa vazio e das dívidas que vão de pequenos fornecedores a coleta de lixo, além de atrasar 13º salário dos servidores.

Se um administrador de empresas testemunhasse sua empresa fazendo água, ele mexeria na equipe? O prefeito assim o fez, como manda a cartilha, com uma ressalva. Apenas trocou as peças de lugar. Mudar para não mexer. Inovar para paralisar. Inaugurar hospital para seguir de portas fechadas.

Na dança das cadeiras, o homem das finanças vai assumir a pasta da Saúde. Um profissional vinculado à Defesa da Cidadania passou para a Educação. E assim por diante. A lista é grande. Dois vereadores, eleitos para trabalhar no Poder Legislativo, não vão esquentar a cadeira na Câmara. Sadao Nakai e Cacá Teixeira darão lugar a dois coleguinhas suplentes, enquanto esquentam as cadeiras de secretários.

Se a equipe atual terminou a gestão com a Prefeitura de bolsos murchos e dívidas nas alturas, apenas trocar os pilotos de assento para mantê-los no avião sem combustível foi um belo presente de Papai Noel. Para a turma que segue no poder, claro.

É importante lembrar que se trata do mesmo time que distribuía sorrisos na cidade número 1 para se viver, em plena campanha eleitoral. Dois meses depois da eleição, muitos apareceram com carinhas de tristes em entrevistas coletivas para tentar explicar a anemia financeira que – de repente, não mais que de repente – contaminou a Prefeitura.

É esta gestão que prega o corte de gastos, mas sem mexer em sangrias como Prodesan e Cohab. Ninguém diz um “a” sobre enxugar ou desativar empresas que qualquer executivo do mundo corporativo sentiria calafrios em administrá-las.

É a mesma gestão que fala, bem baixinho, em vender imóveis, sem tocar no assunto aluguéis. Aluguéis de imóveis, muitos deles denunciados como inativos pela imprensa no primeiro semestre deste ano.

Pelo andamento dos discursos e da troca de camisas sem mexer no esquema tático, o ano de 2017 será de luta para não cair à segunda divisão. Como não dá para trocar o técnico, que ele mude ao menos de ideia.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Papai Noel está bravo!


Marcus Vinicius Batista

O Natal será mais magro. O regime forçado talvez inclua o Ano Novo. Para muitos, é a tal da crise, que saltita entre a desculpa esfarrapada, o medo de meter a mão e a geladeira mais vazia mesmo.

Papai Noel pode ser bonachão, solidário, condescendente e cheio de compaixão, mas ele ainda carrega dentro de si o passado de Grinch, tempos em que era magrelo, se vestia de amarelo ou verde e transpirava irritação e raiva contra crianças, adultos, cristãos, pagãos... Por mais que a principal marca de refrigerante o tenha transformado, a ira remoe dentro dele.

Como dizia minha avó, Papai Noel tá vendo. E enxergando o tratamento que tem recebido em Santos. Papai Noel mandou avisar que este ano a visita na cidade será de médico. Não é somente a anemia da decoração pelas ruas, símbolo de quem pecou pela soberba, vaidade, ganância, só para ficar na superfície política. Papai Noel percebeu, todos os duendes ouviram, até as renas comentaram, que Santos ficou como a cigarra quando o inverno chegou.

O velhinho sabe se virar. Só vai trazer lembrancinhas, mesmo assim deixadas na porta, com a etiqueta em mandarim do R$ 1,99. Nada de meias na janela tampouco descidas de saco gordo nas chaminés, tradicionais ou virtuais.

Papai Noel se decepciona quando imagina a miséria que será a Páscoa. O Ano Novo corre risco de passar em silêncio, com somente os gritos das ondas, sufocadas de tanta gente pulando, seja de medo de 2017, seja de medo pelo que fizeram este ano. O Carnaval, enganado pela promessa da profissionalização, aprendeu que resolução de réveillon alcança março.

Papai Noel não reclama do comportamento do menino santista. Sabe aonde ele pode chegar com as birras. O velho não esperava um final de ano tão minguado. Planejamento passou longe, uma bagunça antes, durante e no coração da crise.

O velhinho já andava desconfiado das promessas de segunda-feira, de verão, das férias e da passagem de ano. Os sorrisos de bom moço do menino não batiam com a postura dentro de casa. Quando viu a decoração mais parecida com velório, titubeou e quase cancelou o Natal.

Papai Noel pensou no espírito natalino e resolveu: que seja mais magro. Quem sabe o garoto toma juízo...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O enterro



Marcus Vinicius Batista

Nunca esperamos por certas mortes. Ainda temos a ilusão de que a imortalidade seria característica de alguns, tamanha a segurança, a imponência e a postura no cotidiano. Por isso, não me dei conta quando os jornalistas Rafael Motta e Nara Assunção publicaram a notícia. Ele estava morto.

Eu sabia da doença, que o corroía há alguns anos. Os sinais me pareciam evidentes, de uma degeneração gradual, mas passível de melhoras pontuais. Aquela velha esperança de paciente de UTI. Os quadros se estabilizam, daí vem uma mudança repentina, o paciente indica que a transferência para o quarto normal será breve. E é neste ponto que a crise definitiva se instala e todos em volta temem pela pior notícia possível.

O velório ainda não foi organizado. As reações diante da morte oscilam entre a barganha e a negação. Talvez, para poucos, prevaleça a resignação. O fato é que, se faleceu, não há como não organizar o funeral. Eles já estão vestidos de preto mesmo, o que facilita e – quem sabe? – economize algum, embora não seja do feitio da turma guardar recursos. Pelo contrário, o que se gasta com supérfluo assusta qualquer um.

O defunto tem nome e sobrenome pomposos, feito famílias quatrocentonas de São Paulo. Mas, para se manter pop e aparecer sempre na mídia, inclusive com as chatices e rococó da fala, prefere ser chamado pelo apelido. Coisa de americano essa história de iniciais.

Chega de delongas! Sente-se se ainda não recebeu a notícia. O Superior Tribunal Federal – de alcunha STF – morreu esta semana. A última fagulha de oxigênio não foi um acerto de contas ou um pedido de perdão para as pessoas próximas. Foi a coerência soberba de um catedrático distante do mundo lá fora.

O STF morreu de política rasteira. Sacrificou sua própria imagem para salvar a imagem do presidente do Senado, Renan Calheiros, com a desculpa de que protegia a imagem de estabilidade da política via relacionamento entre as instituições.

Parte dos juízes confundiu mais uma vez, só de que desta vez com escândalo, sem pudor, que Direito e Política são irmãos, mas nesta ordem de importância. Toda decisão jurídica está impregnada de subjetividade e se constitui como ação política. Mas nenhuma decisão é exclusivamente de tal natureza.

Os juízes se transformaram em celebridades e se embriagaram com os holofotes. Passaram a interferir na política como se tivessem mandato ou fizessem parte dos outros Poderes. Enforcaram-se na toga quando confirmaram o que muitos pensam sobre eles.

O STF não protege o interesse público, protege a si mesmo e seus associados. O STF protegeu Renan enquanto rasgava a lei sob qualquer perspectiva, inclusive moral. Não, principalmente moral. Por tabela, joga gasolina no clima de ódio sobre as instituições, manchadas e esquartejadas por suas lideranças, enclausuradas nas Casas Grandes. Apenas cuidado, pois os gritos das senzalas sobem um tom a cada chicotada na Ética.

Minha esperança é que as instituições costumam sobreviver aos homens. Assim, o cadáver pode ressuscitar, mas ainda depende dos coveiros e suas pás.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tércio, o gerente



Marcus Vinicius Batista

A morte do ex-prefeito de São Vicente, Tércio Garcia, colocou um ponto e vírgula – não um ponto final – em um perfil de administradores públicos que dominaram o cenário desde a década passada. De João Paulo Tavares Papa a Dilma Rousseff. De Fernando Haddad a João Dória.

Com o esvaziamento relativo das ideologias do século 20, a política concedeu espaço para profissionais com perfil de gerência, administradores com carreira no serviço público, mas sem experiência na cadeira principal do Poder Executivo. Esse era o dom desejado pelo eleitor médio, visto pelos marqueteiros como consumidor, mas que enxerga a política com descrença e espera uma leitura mais econômica das relações entre o Estado e a população. O que não significa abandonar alguns coronéis.

O problema é que, entre o dom e a maldição, a fronteira é quase inexistente. O setor público é, diferentemente do que acreditam os ingênuos, outro mundo, com ligeiras – somente ligeiras – semelhanças com o setor privado. É fundamental traquejo político, característica que poucos gerentes possuem. Papa virou político. Dilma caiu pela ausência de molejo com o PMDB.

Tércio Garcia me lembrava David Capistrano. Nada de comparar gestões, em cidades com contextos sociais distintos. Ambos não eram políticos. Ambos foram empurrados para o fogo eleitoral por medalhões da política. Ambos tinham dificuldades no trato com a imprensa. Ambos não suportavam lidar com a fome do Poder Legislativo por cargos, fora acessos de provincianismo. Ambos adoravam a vida discreta dos gabinetes e do atendimento à gente comum.

Tércio Garcia pagou parte dos pecados, os quais assinou de forma voluntária, do “dono” de São Vicente nos últimos 20 anos. Alçado de presidente da Codesavi à prefeito, o mundo de Tércio ganhou problemas de todas as naturezas, principalmente provocados por quem adora sangrar São Vicente sem permitir suturas políticas.

Tércio gerenciou São Vicente por oito anos e pagou o preço por ter que se reportar ao mentor político. O humanista deixou uma última impressão negativa como administrador. Sucumbiu à máxima de que a segunda gestão (quase) sempre compromete a primeira. De São Vicente, foi para Limeira, onde retornou à vida pública como técnico.

Tércio Garcia foi um gerente. Oito anos, para ele, foram um intervalo no qual São Vicente respondeu de maneira negativa, sem saber do futuro mais escuro. Como disse, vago como um ponto e vírgula.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Eles só pensam naquilo




Marcus Vinicius Batista

A eleição de Donald Trump, além da incerteza do pânico, representa uma nova lição que muitos teimam em não refletir. Precisamos aprender que não existem fórmulas para classificar o eleitor, seja da minha cidade, seja dos Estados Unidos.

Em primeiro lugar, costumamos classificar pela negação de nós mesmos. Classificamos pelo estigma. O eleitor seria inferior à nossa capacidade de avaliação política, como se não fôssemos cúmplices das escolhas e da preguiça pós-voto. Trata-se do pressuposto de que o eleitor seria incapaz porque não pensa pela coletividade.

Depois, o que seria eleitor médio? Médio de inteligência? Classe média? Volúvel e manipulável pelo marketing eleitoral? O Simpson, do William Bonner. Pode ser tudo ou nada disso. O eleitor médio não existe, além da retórica.

Respeitando o pano de fundo cultural, são variáveis políticas que podem nos dar um perfil socioeconômico de quem vota, distante das alegações individuais, dispensadas pelos discursos tão intelectualizados, por vezes desconectados do mundo lá fora.

O eleitor escolhe por fatores múltiplos, que também incluem pesquisas, noticiário e, principalmente, olhando para o próprio umbigo. O umbigo transita das ideologias dos extremos à conta bancária, da estrutura da rua onde mora ao palavrório de familiares, amigos e parentes, da fé a uma visão preconceituosa de mundo, de um canto a outro do espectro político.

O eleitor médio – é apenas conceito – não se agarra em manuais acadêmicos, com conceitos filosóficos ou correntes teóricas que terminam com “ismo”. O voto é uma decisão prática. E cíclica. Uma decisão aplicada ao cotidiano de um mundo capitalista, mais complexo do que o Fla-Flu esquerda e direita. O eleitor vota pela garantia de seu próprio mundo. A escola do filho. O emprego próprio ou do parceiro. O quilo de carne na mesa.

É bobagem qualificar o governo Trump – ou da minha cidade – antes que ele aconteça. Há caminhos para o pensamento. Há temores e riscos. Trazer política para nossas vidas é um exercício necessário. Só que na política não há espaço para videntes. A complexidade política nasce e morre na urna, independentemente do endereço.

O eleitor – como termo no singular – é tão palpável como uma entidade espiritual. Prático como qualquer um de nós, inclusive quando tentamos justificar por ideologia. O resto é chute!

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

De costas para a Cultura

Câmara de Santos: um castelo isolado?

Marcus Vinicius Batista

Os vereadores, salvo exceções, são coerentes. Poucos sabem sobre o que importa na cidade de Santos e preferem seguir de olhos vendados. Eles são honestos com o que se pensa deles, quando decidem votar projetos irrelevantes ou de acordo com os interesses da Administração Municipal. E práticos ao fatiar a Mesa Diretora, sem debate, posando para fotos cheios de sorrisos. Riem de quem? Para quem?

A Câmara Municipal de Santos, nesta semana, selou o divórcio com a Cultura. Nunca foi, de fato, um casamento, era pose para parecer preocupada, aquele sujeito que fabrica uma namorada para vender a imagem de sério e comprometido.

Os vereadores se “esqueceram” de uma audiência pública, que trataria do ato da Polícia Militar contra a peça Blitz, que resultou na prisão do ator Caio Martinez. O encontro havia sido agendado no último dia 7 de novembro, o primeiro capítulo do desinteresse pelos artistas, pelo teatro, pela Cultura. A audiência também não foi remarcada.

A postura dos parlamentares ficou clara no mesmo dia 7, quando o ator Caio Martinez pediu a palavra na Tribuna Cidadã. O presidente da Câmara, Manoel Constantino, talvez inspirado pelo humor da peça proibida, disse que só autorizaria o pronunciamento do ator se ele comprovasse CNPJ.

Talvez inspirado pelos colegas de Brasília, o presidente da Câmara teve amnésia temporária, pois se esqueceu de que os próprios vereadores adoram chamar a Câmara de “casa do povo”. Ele se comportou como se o cargo lhe desse a propriedade do imóvel. Depois, argumentou que era contra a peça. Uma opinião irrelevante perante a natureza da regra e o nome do espaço: Tribuna Cidadã. Constantino só voltou a si quando pressionado por colegas.

Os vereadores o acompanharam na indelicadeza. Enquanto Caio falava, a maioria dos parlamentares engatava conversas paralelas ou brincava ao celular. Coerente com o que se vê nos parlamentos pelo Brasil.

Agora, os vereadores foram mais explícitos. Não tomaram conhecimento do assunto. Ignoraram a importância da audiência pública. Depois, fingem choramingar quando a existência das audiências é questionada.

Qualquer estudante sabe que a Cultura é o termômetro de uma sociedade. Ignorá-la também funciona como medidor, mas da frieza e indiferença de quem deveria – e ganha bem – para legislar pelo e para o Município. É melhor e mais saudável ocupar a praça, essa sim do povo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Chapecoense: a morte e o apoio psicológico



Marcus Vinicius Batista

Não estamos preparados para a morte. A dificuldade em lidar com ela, no mundo moderno, nos faz saltar do silêncio ao espetáculo. Transformamos a morte em tabu quase paralisante, de modo que reduzimos todos os espaços possíveis para o luto. Evitamos, sempre que possível, olhar para ela, conversar sobre ela, fato que se acentua, por exemplo, entre os idosos.

Quando a finitude vem de forma abrupta, como a tragédia com jogadores da Chapecoense, jornalistas, dirigentes e tripulação, ficamos atordoados diante da complexidade de sentimentos e emoções que nos acometem, muitos deles além do acidente aéreo, mas derivados da cultura que os acompanha.

A comoção é a primeira resposta natural. Queremos saber os detalhes, compreender a história - com causas e consequências - de maneira instantânea, como prega a cartilha do contemporâneo. Queremos saber os detalhes, mas voltamos ao estado de coisas ao notarmos as dificuldades em expressar nossas reações internas. Por quê?

Optamos pela concretude dos acontecimentos. Nomes, local do acidente, causas da queda da aeronave, como ficará o campeonato, a burocracia da organização do torneio, as repercussões entre especialistas e oportunistas, tudo serve como escapatória para lidarmos conosco, a partir da morte do outro, que mal conhecemos. Por que nos comovemos? A preservação da vida como valor explica tudo?

Por trás disso, há a cultura do futebol, ainda presente - felizmente -, mesmo com a transformação do esporte em termômetro de ganância. O futebol é um dos mais eficientes mecanismos de aferição do comportamento humano. Vemos ali a selvageria humana, o tribalismo, o reflexo econômico, o uso político, a desigualdade social, a intolerância e o preconceito. Mas enxergamos também o amor, a esperança, a paixão, a generosidade, a solidariedade.

Um acidente aéreo nos provoca a compensação perante uma visão negativista e exclusiva do futebol. A tragédia nos reacende como humanos, nos revolta contra a hipocrisia, contra a fome financeira ou as palavras emitidas sem limites, sem o olhar para a dor do outro. Nem tudo pode ser piada em todas as circunstâncias. O futebol ressurge como prática coletiva, próxima do universal, acima da competitividade.

É da pior forma possível, mas o acidente aéreo nos coloca como limitados, como falíveis, como finitos. Uma hora ou outra, o futebol como associado da morte - não na violência gratuita e estúpida dos estádios, também banalizada pelo show, mas no acaso inevitável e devastador - serve como gatilho para refletirmos sobre como encaramos o esporte, a digestão dele como extensão da vida.

O luto será coletivo, midiático e elaborado de um espectro a outro da condição humana. Este luto tende a ser mais acelerado, conectado ao noticiário, com intervalos cada vez maiores conforme a distância entre o fato velho e o acontecimento mais recente. Haverá a catarse no estádio, as homenagens globalizadas, de acordo com o que é essencial para lembrarmos de que a morte, embora inevitável, machuca demais se imprevisível.

Entretanto, não se pode relativizar ou amenizar o luto individual, familiar, das pessoas que jamais esperariam perder um ente próximo num período de realizações profissionais férteis, no melhor momento da carreira de muitos jogadores, no auge de um clube visto como coadjuvante no futebol nacional. Famílias de jovens, que jamais cogitaram o término de biografias quando as histórias alcançavam o clímax.

Essas famílias necessitam de apoio, inclusive da perspectiva psicológica, medida que inclui os sobreviventes, os que não viajaram, todos que tentarão reerguer a instituição, o clube, enquanto procuram remédios para feridas profundas internas e nada palpáveis.

Campeã ou não, a Chapecoense - traduzida pelas pessoas que a mantém viva - tem que fechar para balanço, chorar o que for de direito, recolher-se para reflexão, para o luto, para a elaboração do pior episódio de sua trajetória. Só assim teremos a metamorfose de sentimentos, que transitarão pela raiva, negação, tristeza profunda até alcançar a saudade. Essa sim ficará por muito tempo e será o motor que empurrará a Chapecoense, jogadores, equipe técnica, jornalistas para um lugar bem mais confortável na memória afetiva.