segunda-feira, 1 de julho de 2013
O PT está morto!
O PT morreu. É um cadáver que se transformou em páginas de memória recente, em lembranças que nos conduzem ao século passado. O PT das greves do ABC. O PT das Diretas Já, testemunha ocular da redemocratização. O partido que se envolveu com os caras-pintadas, símbolo da morte momentânea de um caçador de marajás e piloto de jet-ski.
Os protestos das últimas três semanas enterraram, em definitivo, a velha estrela vermelha. E deu forma definitiva e assumida da nova versão, morta-viva, que suga o que pode – e o que não deveria – para se perpetuar no poder.
O PT de hoje é cúmplice de quem bate em manifestantes. O PT no governo não dialoga, somente sussurra para os movimentos sociais. É um partido que permitiu que suas lideranças mergulhassem até o fundo em alianças lamacentas e tóxicas com outras legendas em decomposição.
O PT de hoje tem ministros que sugerem as forças nacionais para acuar o que vê como vândalos e sua lista de reivindicações. Baderneiros que – um dia – pertenceram à agenda pública de quem compactua com o porrete no lombo de estudantes.
A militância jovem do PT foi a exceção, mas teve que esconder suas bandeiras nas ruas para não pagar o preço dos velhos caciques, que hoje – pelas atitudes – mais se parecem com generais de pijama. São semelhantes na fala, no olhar sobre o mundo e nas reações diante do imprevisto.
A direção do partido, por sinal, só autorizou a presença da militância e o abraço à causa quando a tarifa de ônibus foi reduzida em São Paulo. Nada mais petulante do que “autorizar” que as pessoas compareçam às ruas para romper o silêncio. Não é coisa de partido do outro extremo político? Depois, é sintoma de quem optou pelo pragmatismo dos acordos nocivos ao país.
O PT de tempos atuais aceita – e defende com tom mais elevado de voz – que Guilherme Afif Domingos seja ministro. O mesmo sujeito é filiado ao PSD de Gilberto Kassab e vice-governador de São Paulo. Mais do que tolerar, o PT abraça e sorri ao lado de Maluf, Sarney, o próprio Collor e Michel Temer.
O líder máximo do partido, um ex-presidente cuja barba simbolizava o pensamento de uma corrente, emudeceu. Por qué no hablas, poderia pedir o rei da Espanha? Luiz Inácio não se manifesta justamente quando a hora é de se expor e defender o rebanho. Lula, pelo contrário, jogou a ovelha-mor aos leões, talvez de olho no retorno à cadeira principal da capital federal.
Um ex-presidente pediu, certa vez, que esquecessem o que ele escreveu. A atual presidente dá a impressão que solicita, a todos nós, que esqueçamos o passado dela. Dilma Rousseff fala na TV como uma antiga matrona, que autoriza a bagunça, mas dá o pito: “Sem arruaças!” Ela mal fala de questões sociais. O discurso é quase sempre economicista, como se este fosse o único ângulo de análise dos problemas nacionais.
O PT de hoje caminha com um zumbi, na busca dormente por onde está o alimento. A carne crua da política dos esgotos. O partido, que esmaga as vozes descontentes de sua militância, se tornou o espelho de quem mais criticava. Abriu tanto a boca, que provou do veneno. E gostou!
Hoje, PSDB e PT se parecem irmãos siameses. Basta ouvir o discurso dos caciques. Pautas parecidas, perspectivas semelhantes. Governantes que discursam em conjunto para resistir contra o clamor popular. Governantes que só respondem quando sentem o gosto azedo vindo das urnas eletrônicas.
Dizem que o PT morreu com o mensalão. Mas ainda havia pulsação em quadros importantes, revoltados com seus líderes. Acabaram calados ou expulsos. Para eles, era possível sentir o cheiro de podre de um moribundo.
O PT morreu e não notou. Vaga pelos corredores do poder como um morto-vivo, incapaz de descansar e permitir a reencarnação de novos horizontes, infelizmente pouco provável em tempos de protestos nas ruas.
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