quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Onde elas estão?


Com o início da campanha eleitoral, ficaram claros quais tipos de estratégia serão usados numa corrida cada vez mais padronizada, com a diferença da conta bancária entre os favoritos e os azarões.

Neste cenário, houve a queda no número de concorrentes aos cargos de deputado federal e estadual. O primeiro fator é a falta de dinheiro na praça. Os investimentos estão mais concentrados nas campanhas dos tubarões e sobrou pouco alimento para os peixes menores, muitos deles dispostos em aparecer na vitrine para a eleição de 2016. Acabaram de fora na primeira curva.

Como segunda causa, muitas alianças partidárias optaram por enxugar o número de corredores, com foco em poucos nomes, mas com maiores chances de vencer ou abocanhar uma suplência. Isso reduziu o quadro de renovação e manteve, óbvio, ex-prefeitos e ex-parlamentares – além dos candidatos à reeleição – como favoritos no páreo.

Uma das decepções é a baixa presença feminina. São 13 mulheres entre 85 candidatos. Com pequenas variações, é o mesmo índice das duas eleições anteriores. Para variar, nenhuma coligação conseguiu alcançar a cota exigida de 30% da chapa composta por mulheres.

Mesmo entre as mulheres, a renovação não é elevada. A presença de uma mulher na presidência ou de três prefeitas nos nove municípios da Baixada Santista são exceções históricas. A única boa notícia é que, no país, o número de mulheres candidatas cresceu 45,6%, mas a estatística é limitada diante de um eleitorado que representa 52% do total. Como votantes, as mulheres são maioria.

A história da Baixada indica que as mulheres ocupam algum espaço nos partidos teoricamente mais à esquerda. Uma das três prefeitas da Baixada, Marcia Rosa (Cubatão), é do PT. Maria Antonieta, do Guarujá, foi do mesmo partido. As duas deputadas do litoral sul com mandato, a federal Maria Lúcia Prandi e a estadual Telma de Souza, militam no mesmo endereço.

Infelizmente, a política ainda representa uma prática machista e, acima de tudo, controlada por homens. Os partidos, em grande parte, enxergam as mulheres como enfeites. Em outras palavras, como representantes de políticas assistenciais ou em áreas historicamente femininas, como a educação. Na visão machista, política social não integra o conceito de progresso ou de desenvolvimento econômico.

Lembro-me de uma professora que foi convidada para entrar em um partido político. Na primeira reunião, soube que ajudaria na organização da ala feminina. O dirigente a informou que um dos objetivos era aumentar a presença das mulheres na sigla.

No segundo encontro, a professora descobriu o que significava “mais mulheres na sigla”. A presença feminina ficaria restrita à organização de chás e campanhas beneficentes. A professora agradeceu pelo convite, alegou falta de tempo e nunca mais voltou ao partido. O dirigente perdeu uma eleitora.

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