quarta-feira, 9 de outubro de 2013

E agora, Marina?

Presidente e vice? Ou vice-versa? 

Independentemente da decisão tomada por Marina Silva de se filiar ao PSB, o registro negado à Rede Sustentabilidade serve como termômetro para sentirmos os cheiros intestinais da política partidária brasileira. Marina teria, enquanto eu produzo este texto, algumas horas para se filiar a qualquer partido se desejar concorrer à Presidência da República, em 2014.

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral é, obviamente, política, assim como quaisquer atos jurídicos. No entanto, o passado recente indica que o grau de contaminação político-partidária alcançou a elite das togas. A derrota da ex-senadora é mais um sinal que se soma, por exemplo, ao julgamento do mensalão e, no caso dos novos partidos, à sensação de que podem existir vários pesos e várias medidas, com forte influência subjetiva na batida dos martelos.

Soa realmente estranho assistirmos à criação de dois novos partidos, o Solidariedade e o Pros, em meio às denúncias de fraudes de assinaturas, por conveniência, empurradas para debaixo das urnas eletrônicas a um ano das eleições. São agora 32 partidos, um delírio político, exemplo único e vergonhoso no mundo.

A derrota da Rede Sustentabilidade também nos esfrega no rosto o mercadão de pulgas que se tornou a troca de legendas. É pior do que a dança dos jogadores de futebol, andarilhos que mudam de casa a cada seis meses. Neste momento, é também conveniente que se rasgue a lei que estabelece os partidos como “proprietários” dos mandatos. Prevalece a prostituição por um, dois minutinhos no horário eleitoral gratuito.

De vereadores a parlamentares federais, todos mudam de camisa de olho em recursos de campanha, tempo de TV e visibilidade eleitoral. É o verniz que cobre o cinismo dos que juram justificativas ideológicas e outros falsos amores para pular de barco.

Marina Silva, diante da derrota em curso, preparou um plano B? Ninguém joga fora 20 milhões de votos numa corrida presidencial. A ex-senadora largou o PT por conta da sujeira que o envolvia. Divorciou-se do PV, um saco de gatos que finge apreço pelo meio ambiente e é comandado há 12 anos pelo mesmo grupo.

Ao se filiar ao PSB, qual seria a desculpa de Marina Silva? Como explicar ter jogado pela janela todas as convicções pregadas em praça pública nos últimos quatro anos? Seria mais uma personalidade a se agarrar na ética de resultados, nos fins que justificam os meios?

A presidente Dilma Rousseff, até o momento, é a grande vitoriosa diante da morte da Rede Sustentabilidade. É evidente que as pesquisas eleitorais pouco acrescentam para o resultado em outubro de 2014. Só retratam um momento, e o instante atual apontava Marina Silva como a única capaz de incomodar o passeio de Dilma rumo à reeleição. Mas lembremos que Aécio Neves ainda não colocou o bloco na rua.

De fato, a Rede natimorta nos mostrou que a política brasileira segue firme e forte em seus caminhos tortuosos para alcançar as portas de sempre. No velho ditado do politiquês, uma eleição começa assim que termina a outra.

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