quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A farsa

Ainda no mapa

A Baixada Santista tem 72 mil novos moradores. Trata-se do crescimento populacional em um ano, de acordo com o IBGE. Agora, a região possui 1 milhão 765 mil pessoas. Todas as cidades registraram aumento. Praia Grande foi o município com maior elevação: 15.577 habitantes. 

Bertioga teve o maior crescimento proporcional. A população aumentou 6,7%. São mais 3.375 pessoas. Santos registrou o menor crescimento (3,2%). A maior cidade da região passou a ter 13.539 novos moradores, o que leva a população a 433.153 habitantes.

Além dos dados do IBGE, chegaram à imprensa esta semana duas pesquisas sobre metropolização. A primeira indicava que a Baixada Santista não apresenta características de região metropolitana. A segunda análise sequer a considerava como tal.

Os estudos e as informações do IBGE confirmam o que a sensibilidade política grita há anos. Em primeiro lugar, a Baixada Santista passa por transformações, sem levar em conta planejamento, sustentabilidade, mobilidade urbana ou quaisquer outras expressões que a classe política desgasta em promessas.

Dos congestionamentos à falta de emprego para os jovens, do déficit de habitação popular aos espigões de riqueza concentrada, dos problemas ambientais ao transporte público, a região fingiu não enxergar as alterações geográficas humanas. Apostou em galinhas dos ovos de ouro que sofrem mutações anuais. Turismo de negócios, pré-sal e assim por diante.

Em segundo lugar, a metropolização da Baixada Santista é uma lenda, conversa para vítimas de estelionato político. Oficialmente, com pompa e dinheiro público, a Região Metropolitana da Baixada Santista existe desde 1996. São 17 anos de cansaço só em ouvir o nome do fantasma.

Daí, nasceram o Conselho de Desenvolvimento e a Agência Metropolitana. O Conselho, na prática, reproduz a velha brincadeira da dança das cadeiras. Os prefeitos se revezam na presidência e, quando o rodízio é quebrado, fazem birras. A última foi Márcia Rosa, de Cubatão, preterida pela colega de Peruíbe, Ana Preto. Para conter o chororô cubatense, o Conselho abriu exceção e se reuniu por lá.

A Agência Metropolitana seria o instrumento de políticas públicas para a região. Você conhece alguma? Cada cidade resolve – ou empurra para o vizinho – seus problemas de saúde, educação, transporte etc.

O lixo urbano é um exemplo. Os prefeitos falaram, discutiram, articularam, negociaram e tantos outros verbos sinônimos para dar em nada. Até incinerador entrou, certa vez, na pauta. Cada um pensou em si. Santos correu para a Área Continental. São Vicente manda o lixo para Mauá. Praia Grande desativou lixão, o que gerou depósitos informais.

A Agência também adota a troca, de tempos em tempos, de seus comandantes. Muitos foram políticos com mandato e, hoje, estão fora dos holofotes. Como feudo do Governo do Estado, a AGEM acolhe antigos colaboradores. O atual é Marcelo Bueno, ex-deputado estadual.

A última reunião do Condesb, de número 166, aconteceu realmente em Cubatão, no último dia 27. O secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, foi convidado para fazer um balanço de sua pasta.

Neste ponto, o Condesb é coerente. Ali, gastar saliva é a política de ordem. Assim, a Região Metropolitana passa a existir, não nas ruas, mas nos gabinetes dos tagarelas. E com o agravante de 72 mil cabeças a mais.

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