Caso eleita, Antonieta será a terceira mulher prefeita nas nove cidades da Baixada Santista nestas eleições. É o mesmo número da gestão atual. Não houve mudanças dignas de nota. Antonieta e Márcia Rosa, em Cubatão, estariam no segundo mandato. Ana Preto, em Peruíbe, foi prefeita por dois anos e substituirá Milena Bargieri. Aliás, naquela cidade, os homens não disputaram o Poder Executivo. Onira, do PT, completou a lista de candidatas.
Olhando com cuidado, percebe-se que as mulheres, na prática, perderam espaço nestas eleições. As Câmaras municipais expõem a fragilidade de gênero. Nas nove casas legislativas, só cinco vereadoras eleitas. Nas duas maiores cidades da região, Santos e São Vicente, nenhuma representante. Santos, por exemplo, tem representantes femininas na Câmara desde os anos 80, de forma ininterrupta.
O esvaziamento de mulheres em cargos eletivos desnuda um problema básico de formação. Os partidos, de uma maneira geral, não se preocupam em quebrar o peso machista nas relações cotidianas da política. Mulheres até compõem as chapas nas eleições. Mas não passam disso: personagens de composição, coadjuvantes cujo destino jamais será o papel de protagonista, salvo exceções de praxe.
O PT, acostumado a quebrar esta regra, amoleceu. Não formou novos quadros de mulheres. Perdeu quase toda a linha de frente, por aposentadoria ou por troca de partido. Ficou praticamente a deputada estadual Telma de Souza e a prefeita de Cubatão, Marcia Rosa. Até o PSOL seguiu o mesmo caminho, mantendo somente Eneida Koury como exemplo que confirma a regra.
O PT canalizou quase toda a formação política feminina, de destaque, na Baixada Santista. Ao não se renovar, lideranças não nasceram e a ala feminina também foi atingida pelos estilhaços da mesmice. Descontando o falecimento de Luiza Neófit, as mulheres do PT envelheceram ou procuraram outros ares.
O último caso foi a vereadora Cassandra Maroni, que não buscou a reeleição e se manteve quase em silêncio durante a última campanha. Sueli Morgado se aposentou há quatro anos. Maria Lúcia Prandi rumou para os bastidores do próprio PT.
Mariângela Duarte, a única que deu a face durante o escândalo do mensalão, migrou para o PSB e trabalhou na campanha de Paulo Alexandre Barbosa, do PSDB. Sueli Maia deixou o PT há anos e é secretária da Educação do governo Papa. Ela estava na lista de possíveis candidatos da situação, que resultou na escolha de Sérgio Aquino.
Até Maria Antonieta, hoje no PMDB, foi filiada ao Partido dos Trabalhadores. Começou a vida política por lá, como assessora de Mariângela Duarte. Elegeu-se vereadora, em 2000, pelo PT.
E não podemos nos esquecer de Onira, representante histórica – e solitária - do PT em Peruíbe, com votação expressiva na última eleição, quase 28% dos votos válidos.
O fato é que raras são as vezes em que se cumpre a cota de 30% de mulheres na lista de candidaturas no Brasil. Na Baixada Santista, isso nunca aconteceu. Nada mais irônico em um país governado por uma mulher. Na eleição vencida por Dilma Rouseff, não se pode esquecer de Marina Silva, terceiro lugar com 20 milhões de votos.
Sem elas, a política – afogada no pragmatismo masculino e tão previsível nesta última campanha – caminha para a morte por inanição poética.
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