A
pesquisa feita pelo Ibope e publicada pelo grupo A Tribuna, neste final de
semana, confirmou o que outras duas pesquisas indicavam para a Prefeitura de
Santos. Do final de 2011 para cá, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) é o homem a
ser batido. Liderando desde o começo da corrida eleitoral, Paulo Alexandre não
tem fôlego hoje para ganhar no primeiro turno, mas parece assistir da varanda aos
demais adversários brigarem pela segunda vaga no segundo turno.
O candidato tucano não se envolve em
polêmicas, evita debater as feridas do Governo do Estado e insiste em falar
sobre os recursos destinados como parlamentar à cidade de Santos quando andava
de braços dados com o prefeito João Paulo Tavares Papa. Bem orientado, Paulo
Alexandre jamais anunciou o término do namoro político com o prefeito, até
porque parte do eleitorado acredita que o tucano é o candidato de Papa à
sucessão, fator que ajuda a entender a baixa rejeição em todas as pesquisas
eleitorais.
Se Paulo Alexandre apareceu com 35%
no Ibope, Telma de Souza (PT) está com 25%. O percentual assegura com folga o
segundo lugar, mas também constrói um castelo de preocupações. A candidata
paralisou neste número. Como crescer sem virar vidraça? É o velho problema que
Telma enfrenta nas eleições para o Poder Executivo.
Numa analogia futebolística, Telma
seria como o Corinthians. Disputa um campeonato de fórmula conservadora, possui
uma torcida fiel e com bases populares, mas consegue unir as demais torcidas
contra si quando chega às finais. A rejeição de Telma, por exemplo, gira em
torno de 30% nas pesquisas. E redutos tradicionais, como morros e Zona
Noroeste, não representam mais fidelidade cega, natural após 16 anos em que o
PT está afastado da Prefeitura.
O candidato do PP, Beto Mansur,
subiu nas pesquisas. Chegou aos 11%, suficiente para colocá-lo no páreo antes
do horário eleitoral e há dois meses e meio da eleição. O problema de Mansur é,
definitivamente, a rejeição do eleitorado, por volta de 40% em todas as
pesquisas. Qualquer dado isolado compromete o olhar sobre a corrida. Porém,
quando a rejeição se repete em três pesquisas diferentes, em um patamar tão
elevado, é fundamental ligar o sinal de alerta para sobrevivência.
Mansur precisa ir além de listar as
realizações de sua administração. Já se passaram oito anos. Ele também não pode
mais se agarrar à paternidade política sobre seu sucessor. Papa ganhou vida e
prestígio próprios. E não vai empurrá-lo de volta ao Paço Municipal.
A
vida em Brasília também é distante demais do eleitor comum. Sem entrar no
mérito dos itens acima, o candidato do PP necessita sofisticar a estratégia
para reduzir a distância de Telma. Caso contrário, morrerá na praia que tanto
adora caminhar nos finais de semana.
No entanto, as dificuldades de Telma
de Souza e Beto Mansur parecem peixe pequeno diante do alçapão que se abriu na
candidatura de Sérgio Aquino (PMDB). O candidato oficial de Papa chafurda nos
2% da pesquisa Ibope. Nas demais pesquisas, oscila entre 3% e 4%. A pequena
diferença escancara uma candidatura que necessita de curativos para estancar o
sangue.
Aquino apresenta baixa rejeição, até
porque é um ilustre desconhecido. Neste sentido, ele se assemelha ao candidato
do PT em São Paulo, Fernando Haddad, não apenas nos índices de intenção de
voto. Haddad é apoiado por um padrinho forte, mas 40% dos eleitores pesquisados
não o conhecem.
Nas ruas de Santos, multiplicam-se
os cartazes lambe-lambe em que o ex-secretário de Assuntos Portuários aparece
ao lado de Papa. Nas redes sociais, Aquino também está em fotografias com o
prefeito, numa caminhada na orla da praia, por exemplo.
Será que benção de Papa é suficiente
para inserir Aquino – de verdade - na disputa? Aguardar o horário eleitoral
gratuito, como salvação da lavoura, é aposta de virada de mesa? Repetir a
trajetória de Papa não seria rezar para um raio cair duas vezes no mesmo lugar?
Sergio Aquino se encontra atrás de
Fabio Nunes, o Fabião (PSB). Ex-secretário de Meio Ambiente e, portanto, ex-base
de apoio do prefeito, Fabião teve 5% das intenções de voto. Ele é carismático,
possui boa imagem entre os jovens e os ambientalistas de boutique da classe
média. O problema é a falta de dinheiro e o próprio partido, em que parte dos
militantes adoraria estar em outra canoa.
Até onde vai a candidatura de
Fabião? Seria uma nova Marina Silva, de discurso coerente de desenvolvimento
sustentável, a ser abandonada pela sigla na discussão de apoios do segundo
turno? A única saída para Fabião seria “sequestrar” eleitores dos três
candidatos à frente. Como fazê-lo?
As justificativas dos candidatos
para os percentuais fingem variar para alcançar a obviedade. Faz parte do jogo
em curso. Transitam entre a humildade de quem está na frente à retórica de que “pesquisa
é retrato de momento” para quem peleja atrás.
Alguns
sonham com mudanças quando o horário eleitoral gratuito chegar. Outros reforçam
a conversa de gastar sola de sapato e debater propostas com a população. Nada
que manche o figurino pré-determinado para este momento da campanha.
Os demais quatro candidatos, em
legendas nanicas e de dinheiro curto, seguem na posição previsível: a lanterna
das pesquisas. Eventualmente, um ou outro alcança 1% das intenções de voto,
dependendo do instituto.
Um ou outro demonstra
interesse em colocar propostas na mesa. O problema é descobrir se o eleitorado
médio está disposto a ouvi-los. Para os nanicos, a trajetória linear parece ser
a estação de desembarque no início de outubro.
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