O deputado federal Beto Mansur. Foto: Agência Câmara |
O deputado federal Beto Mansur (PRN-SP) está no auge da carreira. Ele não está apenas na casa que pediu à Deus. Ele deixou de ser baixo clero, tornou-se um cardeal e está bem próximo do Diabo que comanda o país, o sujeito que se faz temer por toda a fauna, dos tucanos às raposas.
Mansur, como integrante da casa que o acolheu, reza pela cartilha da moral e dos bons costumes, o que reforçou seus valores e práticas políticas. Embora seja um homem do seu tempo, Beto tem uma postura bastante peculiar a ponto de me fazer pensar sobre comportamento humano. Não a ponto de duvidar de mim mesmo, mas de tentar compreender que tempo é esse, que visão ética é essa que se desenha a cada presença no noticiário.
A última peripécia foi o pagamento de mais de R$ 90 mil só esse ano para serviços de pareceres jurídicos que, descobriu-se depois, foram copiados da Internet. O copia e cola cada vez mais comum em trabalhinhos escolares. Não vejo necessidade de longos raciocínios sobre o ex-chefe do Cidoc na gestão Mansur, Wagner Mendes, ser um dos sócios do escritório de advocacia, autor dos pareceres. E nenhum dos pareceres se transformou em projeto de lei.
Quando se estuda Ética, aprende-se que não existem grandes ou pequenas ações. O valor ético ignora o valor financeiro. Vale a atitude dentro de um contexto social e cultural. Há dezenas de casos em que alunos de Direito, inclusive de pós-graduação, foram punidos por "pegar emprestado" textos alheios na Internet. Dois aconteceram numa universidade, aqui mesmo, de Santos. Portanto, sinta-se à vontade para entender a declaração do deputado federal, dada ao jornal A Tribuna: "Hoje todo mundo faz pesquisa na internet e vai buscar informações lá."
Esse episódio me remete a outro "pequeno" ato que retrata a lógica de pensamento peculiar do parlamentar. No primeiro semestre, Beto Mansur fez um selfie ao lado do prefeito Paulo Alexandre Barbosa durante o incêndio da Alemoa, a imagem que se tornou e o tornou notícia internacional.
A vaidade é uma característica inerente aos políticos. Ninguém desejaria tanto o poder, as trocas de interesses e os holofotes se não tivesse o pecado no sangue. Tanto que até o marketing político foi um tiro no pé nas eleições municipais de 2012, quando ficou em quinto lugar, com votação de vereador. Na ocasião, o atual deputado virou hit na Internet por conta do slogan "Foi obra do Beto". Exemplos acima justificados.
É preciso reconhecer que, no mundo da política, as histórias acima serão notas de rodapé na ficha dele. Hoje, ele se vê diante de um clássico dilema ético, mais complexo do que a simples decisão entre o certo e o errado. Ato falho, me perdoem: o certo e o errado dentro da maior casa legislativa soa sempre como "depende".
Beto Mansur assumiu o cargo de relator no processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Uma vitrine para quem se alimenta de poder, mas com consequências proporcionais. Eis a encruzilhada! Se autorizar a abertura do processo de cassação, vai atrair a ira do Diabo e arriscar a própria carreira. Se travar o processo, será lembrado pela História como aquele que referendou o pacto com o Sete Peles, vendendo o próprio pescoço.
Qual será a próxima obra do Beto?
Professor, que texto sensacional, além de expor este Político o senhor faz críticas importantes sobre a conduta do Parlamentar. Queria ler de outros articulistas sobre os inúmeros Parlamentares que venderam sua alma ao Diabo.
ResponderExcluir