O partido reagiu de maneira previsível. Os caciques fizeram cara de surpresa e falaram em mecanismos democráticos internos para que Stanislau pudesse se manifestar. Lideranças que perderam espaço no PT também cumpriram o protocolo e se disseram chocadas, mas optaram pelo caminho corporativista. Ou seja: atacar quem gritou (como se não tivesse avisado antes), silenciar sobre a deterioração institucional.
O PT enfrenta a crise mais aguda em 35 anos de história. Na Baixada Santista, os sintomas começaram há, no mínimo, oito anos. O primeiro sinal foi a reeleição de João Paulo Tavares Papa, na maior vitória da história da cidade. Na ocasião, os caciques petistas defenderam renovação, repetiram o mantra-padrão para uma derrota por goleada.
Na eleição seguinte, em 2010, veio a redução representativa dos parlamentares na região. Menos votos, maiores dificuldades de se manter no Poder Legislativo. A eleição de 2012 cristalizou a enfermidade político-eleitoral. Não houve renovação profunda de quadros na Baixada Santista. Sem candidato a prefeito em cidades importantes, como São Vicente. Vitória do PSDB no primeiro turno, em Santos.
Só a cubatense Marcia Rosa, com a máquina nas mãos, venceu. Apenas dois vereadores na principal cidade da Baixada Santista. Seis parlamentares nos nove municípios, quase todos politicamente isolados.
Em 2013, veio a eleição para o Diretório de Santos. Uma campanha com pitadas esquizofrênicas, pois os dois candidatos prometiam renovação. O partido optou pela continuidade simbolizada por Maria Lúcia Prandi, braço direito de Telma de Souza, ambas hoje sem mandato.
Os males da velhice ficaram mais latentes no ano passado. Pela primeira vez em 20 anos, o PT ficou sem representantes da região na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. O partido pagou o preço de estar numa região cada vez mais tucana, mas também não apresentou novas saídas, nomes diferentes, estratégias que aliviassem a alta rejeição.
O vereador Evaldo Stanislau alegou, em entrevista ao Jornal A Tribuna, que os parlamentares são “meros espectadores” dos atos do partido. Em artigo no mesmo jornal, escreveu que sua renúncia era uma maneira de esperar “um retorno às origens e maior responsabilidade dos dirigentes partidários, muito distantes dos mandatos e letárgicos em suas ações.”
Política é jogo de paciência. O tempo dirá se Evaldo Stanislau berrou para salvar a própria pele em 2016 ou se vai protagonizar mudança na biografia do PT em Santos. Historicamente, o PT tem sufocado as vozes dissidentes. Saída do partido, aposentadoria eleitoral, deslocamento para cargos longe de Santos. Stanislau, é claro, vai disputar a eleição em 2016. Mas em quais condições?
De fato, apenas que o PT encolheu com a idade. E que, neste jogo de dados, quem vence é a banca. A reeleição do PSDB em Santos nunca pareceu tão fácil.